Qual é a primeira coisa que se faz ao acordar? Abrir os olhos. É, à parte alguma soneca ao longo do dia, é assim que eles passam até a hora de dormir: abertos. São poeticamente descritos como a “janela da alma”, e de modo mais pragmático, são uma das principais formas de interação com o mundo ao nosso redor.
Seria desnecessário dizer, pois, o quanto é importante cuidar da visão, para que esteja sempre em seu melhor estado possível. Acontece, porém, que muitas pessoas ignoram os sinais de que está na hora de procurar um(a) oftalmologista.
Como a visão é usada o tempo todo, muitas pessoas não se dão conta de que o ato de “enxergar” está de alguma forma debilitado. Aproximar ou afastar livros e piscar com mais frequência são exemplos de ações que podem passar despercebidas.
Preciso de óculos?
O sintoma mais evidente, é claro, é a dificuldade de enxergar. Mas talvez ela não seja tão óbvia.
Esticar os braços para conseguir ler o jornal, por exemplo, é um indício de que o olho pode estar com dificuldade de ficar objetos mais próximos. Do mesmo modo, esticar o pescoço para frente para ler um quadro ou uma placa pode ser indício de problema para focar em objetos mais distantes.
Os mesmos sinais podem ser percebidos pelos trejeitos do rosto. Espremer os olhos é uma forma de forçar o órgão a fazer foco em objetos que estão longe. Já arregalar os olhos (franzir a testa) é sinal de que o olho está tentando dar nitidez a objetos em maior proximidade.
Outro sinal comum são as dores de cabeça. Como os olhos estão com dificuldades, é comum tomar atitudes que forçam o órgão, o que pode gerar as dores.
A sensação de olhos ressecados também pode ser indicativa de ametropia (problema de refração). O oposto, olhos que lacrimejam em excesso, é outro sinal de alerta.
Outros indícios
A reação exagerada à luminosidade, conhecida como fotofobia, também está associada a alguns problemas de visão. Sair de um ambiente escuro para um muito claro provoca reações em todo mundo, mas se o incômodo é muito grande, pode ser que os olhos estejam apresentando problemas.
No sentido oposto, dificuldade maior para enxergar em ambientes de baixa luminosidade também pode indicar problemas de visão. E nesse sentido é preciso atenção redobrada, uma vez que doenças como catarata podem trazer esse sintoma.
É importante, por fim, levar em conta o histórico médico e familiar. Quem tem familiares com problemas de visão tende a ter maior chance de apresentar dificuldades. Além disso, pressão alta e diabetes são fatores de risco.
Crianças precisam de ajuda
Ao passo que um adulto pode facilmente se observar em relação aos sintomas comuns de problema de visão, crianças têm mais dificuldade em identificar as mesmas condições. Por isso, é preciso prestar atenção a outros indícios.
Um dos principais é a queda do desempenho escolar. Em função da dificuldade de ler materiais e o quadro, é comum a criança ter menor rendimento nos estudos.
Pelo mesmo motivo, aversão à leitura também pode ser uma manifestação de que a visão não anda bem. Ainda, a diminuição no desejo de brincar com colegas pode ser um sinal.
Outros indícios incluem tropeçar frequentemente, arregalar ou esfregar com frequência os olhos, além de estrabismo e inclinação constante da cabeça.
Consultas regulares
A melhor forma de garantir que um eventual problema seja percebido e tratado é o acompanhamento regular com a(o) oftalmologista. É indicado levar as crianças antes dos três anos de idade, e fazer um check-up anual a partir dos 40.
Apesar da grande lista de sintomas da necessidade de correção da visão, às vezes o aparecimento das condições é mais gradual, o que faz com a pessoa demore a perceber que precisa de óculos. Forçar os olhos pode ser, em si, uma causa de futuros problemas. É, num paralelo, como fazer exercícios demais e acabar distendendo um músculo. Como não exige regeneração nesse órgão para certo a problemas, o ideal é prevenir o desgaste precoce.
Por: Dra. Gabriela Zambon – Oftalmologista