Você sabe o que é Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade?

Ao longo do ano letivo, muitos pais enfrentam, junto aos filhos, os desafios relacionados às dificuldades de aprendizagem. Todos os anos, vê-se, no consultório de neuropediatria, demandas relacionadas ao mau rendimento escolar dos filhos, associada à ansiedade gerada pelas reprovações ou, ainda, a frustração de um esforço extraordinário (horas de estudo, professores particulares, aulas de reforço), sem obter o retorno esperado.

            Sabe-se que um dos aspectos mais importantes para o bom rendimento escolar é a atenção. A falta de atenção, quando em intensidade suficiente para causar dificuldades escolares, é uma condição denominada pela sigla TDAH, que significa Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

            O TDAH é considerado, hoje, a condição neurocomportamental mais comum a afetar a faixa etária pediátrica. Acredita-se que cerca de 8% de todas as crianças hoje sentadas nos bancos escolares apresentem sintomas compatíveis com a condição.

            Mais comumente, o TDAH é percebido mais claramente por volta dos seis anos de idade, quando a criança se encontra na faixa etária escolar, por isso é tão importante que os pais participem ativamente do dia-a-dia dos seus filhos, observando comportamentos e desconfiando quando a agitação ou a distração parecem ser excessivas.

Mas como os pais podem reconhecer este transtorno de aprendizagem? Bem, o TDAH é caracterizado por três sintomas básicos que devem estar presentes em, no mínimo, dois ambientes (em casa e na escola, por exemplo) e que aparecem, obrigatoriamente, antes dos 12 anos de idade. É possível, assim, dizer que esta condição possui três sintomas centrais; sendo estes, a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade.

Com relação à desatenção, normalmente são crianças, adolescentes ou mesmo adultos que têm dificuldade de se concentrar. Qualquer estímulo, por menor que seja, já é capaz de desviar completamente a sua atenção, como até mesmo um assobio ou um cochicho. Neste cenário, a criança se distrai com facilidade, comete erros bobos, evita situações em que tenha que se concentrar e enfrenta grandes dificuldades de aprendizagem.

            Outro aspecto importante é a hiperatividade. A criança que a possui não para quieta, está sempre se mexendo, levantando-se em sala de aula, mexe os braços, as pernas e faz milhares de coisas ao mesmo tempo. Trata-se de uma criança que é muito barulhenta, está sempre correndo e interrompe, frequentemente, quando os pais estão conversando.

            Finalmente, o quadro se completa com a impulsividade, que é o ato de fazer as coisas sem pensar. A criança quer pular um muro e não pensa se vai se machucar do outro lado (por exemplo, não pensa se o muro é muito alto ou se tem um cachorro feroz do lado de lá).

            Quando estes sintomas atrapalham o desempenho e impedem uma vida escolar plenamente produtiva, é hora de procurar uma avaliação especializada. Lembrando, ainda, aos pais e professores, que nem sempre a criança com TDAH apresenta todos os sintomas na mesma intensidade, existindo, às vezes, crianças mais desatentas e outras mais agitadas.

            Infelizmente, ainda não é possível saber as causas do TDAH, mas o que se tem, até o momento, é que a condição não tem uma causa única, estando relacionada a fatores genéticos (quando vemos uma criança com TDAH, é comum ver os mesmos sintomas no pai, na mãe ou em outros parentes). Aliás, este ponto é muito interessante! Apesar de ser diagnosticado na infância, o transtorno não é uma condição exclusiva das crianças, podendo acometer adolescentes e adultos. Mais que isso, sabe-se que a maior parte das crianças com TDAH mantém os sintomas ao longo da vida: 85% dos casos persistem na adolescência e até 70% continuam na idade adulta.

            Nos adultos, o TDAH está quase sempre relacionado a dificuldades no emprego ao ocasionar baixa produtividade (dificuldade em ouvir, em cumprir prazos, iniciar e realizar uma tarefa e atrasos crônicos), podendo aumentar, até, a chance de desemprego.

            Dessa forma, podemos concluir que diagnosticar e tratar o TDAH precoce e adequadamente é, acima de tudo, oferecer oportunidades de uma vida mais plena e saudável.

JAIME LIN

Médico neuropediatra

   Por: Dr. Jaime Lin – Neuropediatra

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